sábado, 1 de maio de 2010

Psicóloga especialista em 3ª idade fala sobre as avós de biquini


Leila Navarro entrevista Ana Fraiman

Além de ser referência em assuntos da terceira idade, Ana Fraiman é autora do primeiro livro de psicologia escrito por uma brasileira, Coisas da Idade (1988). Ainda na década de 80 lançou a Revista Claudia, depois virou Consultora, conquistou, na USP, seu título de Mestre em Psicologia com a defesa da tese: “Nós e nossos velhos - forças que falam e forças que se calam” e ainda publicou mais de cinco livros.




No livro, Avó de Biquíni, a autora contextualiza a figura da avó na sociedade atual como independente, feminina, jovial, esclarecida e cúmplice de seus filhos e netos. Já na área de previdência social a Consultora presta grandes colaborações com seus artigos especializados, divulgando dados e experiências em Congressos, junto a Fundações, a órgãos públicos e empresas privadas, nacionais e multinacionais.



Mais Vivência - No livro Avó de Biquíni você destaca que é a partir de insights surpreendentes, do tipo “ter bastante idade não é sinônimo de ter vivido o bastante”, que conseguimos conquistar a sabedoria. Aqui você trata, portanto, da importânciade se ter um espírito elevado? Como é isso?
Ana Fraiman
- Avó de Biquini é um estado de espírito e é também um estado físico, porque muitas avôs hoje vão de biquini a praia. Então é a mulher moderna, que já chegou na fase da grande maturidade e que não aceita de forma alguma ser submissa ao seu marido e nem muito menos ser comandada pela família por ela estar velha ou viuva. É essa avô que vai para os bailes que está encarando uma segunda, terceira união, que ajuda sim em casa, não leva mais aquele estilo de vida de viver só para os outros. É a mulher que acordou, está indo para as Universidades, está arregaçando as mangas, está encarando a sua idade, está namorando.


MV - Tem mulher que na terceira idade começa uma vida profissional. Porque as vezes casaram, tiveram filhos e ficaram de esposa. É nessa fase da terceira idade que elas conhecem tudo?
Fraiman
- Sim. Ou é na fase profissional ou realmente voltam a estudar. E quanto a questão da mulher com a criança é uma relação muito mais sadia porque não é mais aquela relação de mãe, aquela mulher chata, que ficava sentada esperando que os outros chegassem até ela. Essa mulher guia carro, participa plenamente da vida dos jovens, fala de sexo, encara o problema das drogas junto com a família. É uma mulher que não quer ser poupada. Ela quer participar e participa. Tem voz ativa e muitas vezes é quem tem a grana da família e está ajudando os filhos que estão aí vivendo o problema do desemprego e os netos que querem estudar nas grandes escolas.


MV - No livro você também fala que o julgamento é um dos principais problemas da atualidade. Por que?
Fraiman
- Porque a pessoa que julga ela se sente superior ao outro. E o que acrescenta a felicidade na vida manter essa idéia de ser superior? Se sentindo superior você se afasta das pessoas, você não é tolerante, você não pratica o bem no sentido de ajudar a pescar. Você, sendo superior, acha até que sabe cuidar da vida do outro melhor do que ele. E o julgamento também auto-aplicado faz com que a pessoa pare de pesquisar. Porque ela se cria um rótulo, ela se culpabiliza ou ela se envergonha até de alguma coisa, se torna uma pessoa envergonhada, e vive com essa culpa. Então o julgamento traz a culpa, traz a vergonha e impede a pessoa de prosseguir, de tentar transformar essa história. Porque julgou está julgado, não tem apelação. E quando você não julga e procura compreender e aceitar você abre caminho prá você e para os outros.


Este piloto de programa para a terceira idade
contou com a apresentação de Leila Navarro.

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